2020
É provável que, nos últimos dias, tenha visto algum dos polémicos outdoors nas praias de Espinho e da Costa da Caparica com a mensagem “Quer ver um(a) Espinho/ Caparica diferente?” e a imagem de uma possível marina, em 3D, divulgada com a marca “Novas Paisagens”.
Após toda a polémica e discussão que decorreu nas redes sociais, gerando uma grande onda de curiosidade, hoje finalmente revelamos que estes outdoors fazem parte de uma campanha GEOTA com o objetivo de alertar os cidadãos para um assunto tão importante, mas ainda pouco falado, no nosso país: o facto de as barragens contribuírem para a retenção de sedimentos, deixando as praias sem areia.
O que muita gente não sabe...
Apesar das barragens se encontrarem a centenas quilómetros de distância das praias, têm um impacto muito grande no que diz respeito à sua preservação, dado que as infraestruturas interrompem o caudal natural das águas e dos seus sedimentos. Sim, uma barragem no interior do país pode ser responsável pelo desaparecimento da sua praia.
Consequentemente, existe um risco real muito elevado de as praias desaparecerem, porque a existência de um elevado número de barragens contribui para que milhões de toneladas de areia não cheguem à costa portuguesa todos os anos. E sem as areias que deviam estar a alimentar as nossas praias, estamos ainda mais desprotegidos face à subida do nível do mar causado pelas alterações climáticas.
Para além disso, as grandes barragens são ainda responsáveis por alterar várias dinâmicas sociais e ambientais, uma vez que deslocam populações, alteram os fluxos de transporte de nutrientes e de sedimentos, inundam e invalidam a utilização de alguns dos terrenos mais férteis para a agricultura e colocam em risco a sobrevivência de várias espécies ameaçadas, tais como o lobo, o lince ou vários peixes nativos.
Neste sentido, torna-se urgente criar a primeira lei em Portugal para a criação de Reservas Naturais de Rios Livres. O GEOTA deu esse primeiro passo!