Ambiente e Território
Ribeiro Telles – Uma Inspiração na Defesa do Ambiente e do Ordenamento do Território
Data
11
Novembro
2020
Autor
Autor:
GEOTA

Perdemos um dos grandes pioneiros da defesa do ambiente em Portugal e uma das primeiras pessoas, ainda durante o Estado Novo, a manifestar-se publicamente pela necessidade de políticas de ordenamento do território. O Arquiteto Gonçalo Pereira Ribeiro Telles foi uma figura ímpar pela sua visão pioneira ao nível do ordenamento do território, da defesa da democracia e para o GEOTA uma inspiração na luta pela defesa do ambiente e do desenvolvimento sustentável.

Gonçalo Ribeiro Telles, foi arquiteto paisagista, ecologista e Subsecretário de Estado do Ambiente no I, II e III Governos Provisórios, Secretário de Estado do Ambiente e Ministro de Estado e da Qualidade de Vida. Enquanto ocupou cargos públicos foi responsável pelo lançamento das bases de uma política de ambiente e de ordenamento do território em Portugal, promovendo inúmeras iniciativas e legislação, tendo inclusive tomado posições muito importantes para a Cidade de Lisboa enquanto Vereador da Câmara Municipal, mas também por todo o país.

“Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender”, lê-se no nº1 do artigo 66 (Ambiente e qualidade de vida) da Constituição da República Portuguesa que Gonçalo Ribeiro Telles ajudou a escrever. Uma frase que não define apenas o seu trabalho e pensamento, mas a sua missão e modo de estar na vida. Um equilíbrio entre a natureza e o desenvolvimento da atividade humana. Uma forma diferente de olhar para o território e o ambiente que perdurará na luta por um planeta mais sustentável.

Desde o lançamento da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional (RAN); à criação das horta urbanas na cidade de Lisboa que tinham uma dupla vantagem, a de evitar a impermeabilização dos solos face às cheias de 1967 e a inclusão social e convívio que tais quintais e hortas proporcionavam a quem delas beneficia; à idealização e implementação de vários serviços públicos na área do ambiente e do sistema nacional de áreas protegidas, Ribeiro Telles tinha a capacidade de antecipar muitas das questões que ainda hoje se debatem. Teve também na sua passagem pelo governo um papel determinante onde nasceram um conjunto de decretos-lei que foram fundamentais para a definição de uma política de ambiente e de paisagem.

Propostas como a da Lei de Bases do Ambiente, Lei da Regionalização, Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, Lei dos Baldios, Lei da Caça e a Lei do Impacte Ambiental são algumas das propostas presentes no vasto reportório que teve enquanto deputado na Assembleia da República.

Condecorado com o Prémio Nacional de Ambiente; com o Prémio Sir Geoffrey Jellico da Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas e com o Prémio Carreira da Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA), Gonçalo Ribeiro Telles foi, enquanto arquiteto paisagista, responsável pelo desenho de inúmeras áreas verdes de Lisboa.

Uma das suas obras mais antigas e reconhecidas foi o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com António Viana Barreto, pelo qual recebeu o Prémio Valmor em 1975. Mas a sua obra não ficou por aqui e pode ser encontrada em inúmeros espaços como: o Jardim do Tanque Palácio de Mateus, em Vila Real; o Corredor Verde de Monsanto com uma pista para peões e ciclovia que liga o Parque Florestal de Monsanto aos Restauradores; o Jardim Amália Rodrigues, no Parque Eduardo VII; os Vales de Alcântara e de Chelas; ao Vale das Abadias, na Figueira da Foz; entre outros projetos amplamente reconhecidos.

A transmissão de conhecimento foi um dos seus maiores legados, tendo criado o primeiro curso superior de Arquitetura Paisagística, em 1975. Ribeiro Telles foi uma pessoa que pautou toda a sua vida por uma correção, elegância e experiência, mas principalmente pelo enorme gosto que tinha em partilhar conhecimento, que a todos nos fascinou. Um excelente educador!

Apesar dos múltiplos atropelos que a política ambiental e do ordenamento do território têm sofrido ao longo dos anos, a mensagem de Ribeiro Telles perdurará em todos os herdeiros que deixou em Portugal, e no Mundo inteiro, e em todos os que lutam pela defesa de um ambiente mais sustentável e equilibrado.

O GEOTA expressa as mais sentidas condolências à família, amigos e em todos os que viram, e continuam a ver, o Gonçalo Ribeiro Telles como uma fonte de inspiração e motivação para continuarmos a lutar por mais e melhores políticas ambientais, uma maior consciencialização pelo equilíbrio da natureza com o desenvolvimento sustentável e pela luta por uma melhor qualidade de vida para todos, com mais justiça ambiental e social.

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